De certeza que já todos nós a vimos antes - uma Lua Cheia perto do horizonte. A nossa tendência é pensar: porque é que parece maior nestas alturas? Na realidade, não é; é apenas uma ilusão.
18-03-2011
A Superlua que ocorreu a 19 de Março deveu-se à sua maior aproximação da Terra em duas décadas, mas não foi assim tão grande. É uma ilusão, um truque óptico.
A Lua tem um efeito gravitacional na Terra, afectando as marés e a massa terrestre até certo ponto, mas a Lua de dia 19 não interagiu com o nosso planeta de outro modo diferente do que noutras aproximações (também conhecidas como periélio).
A Lua gira em torno da Terra numa órbita elíptica, o que significa que não está sempre à mesma distância do nosso planeta. A menor distância a que se aproxima da Terra (periélio) é 364.000 km, e a maior (afélio) é cerca de 406.000 km (este números variam, e de facto nesta Lua Cheia de dia 19, esteve um pouco mais perto, a 357.000 km).
Por isso a diferença percentual na distância entre o periélio médio e o afélio médio é cerca de 10%. Isto é, se a Lua Cheia ocorrer no periélio pode estar até 10% mais perto (e sendo assim maior) do que se ocorresse no afélio.
Esta diferença ainda é significativa, e por isso importa salientar que a Lua realmente aparenta ser de diferentes tamanhos em diferentes alturas do ano.
Mas não é isto que faz com que a Lua pareça gigante no horizonte. Uma diferença de 10% em tamanho não explica o facto de as pessoas descreverem a Lua como "gigante" quando a vêm baixa no horizonte.
O que realmente faz com que a Lua pareça gigante nestas ocasiões são os circuitos no nosso cérebro. É uma ilusão óptica, tão bem conhecida que até tem o seu próprio nome: a Ilusão da Lua.
Se medirmos o tamanho angular da Lua Cheia no céu, varia entre 36 minutos de arco (0,6 graus) no periélio, e 30 minutos de arco (0,5 graus) no afélio, mas esta diferença ocorre ao longo de um número de órbitas lunares (meses), não durante uma única noite. De facto, se medirmos o tamanho angular da Lua Cheia após nascer, quando está perto do horizonte, e novamente algumas horas depois quando estiver alta no céu, estes dois números são idênticos: não muda de tamanho.
Então porque é que o nosso cérebro pensa que sim? Não há nenhum consenso acerca deste tema, mas aqui ficam as duas explicações mais sensatas:
1. Quando a Lua está baixa no horizonte existem muitos objectos (montes, casas, árvores, etc.) com os quais pode comparar o seu tamanho. Quando está alta no céu, está isolada. Isto pode criar algo parecido à Ilusão de Ebbinghaus, onde objectos de tamanho idêntico parecem de tamanhos diferentes quando colocados em arredores diferentes.
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Ilusão - a Lua parece maior no horizonte quando está perto de objectos terrestres pois poder com eles ser comparada |
2. Quando observada perto de objectos do pano da frente que sabemos estar longe de nós, o nosso cérebro pensa algo do género: "uau, a Lua está ainda mais longe do que aquelas árvores, e elas estão muito longe. E embora esteja muito distante, ainda parece muito grande. Isto só pode significar que a Lua é gigantesca!".
Estes dois factores combinam-se para enganar o nosso cérebro e "ver" uma Lua maior quando está próximo do horizonte em comparação quando está alta no céu, mesmo quando os nossos olhos - e os nossos instrumentos - a observam exactamente do mesmo tamanho.
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Os dois círculos redondos são exactamente do mesmo tamanho; no entanto, o da esquerda parece mais pequeno |
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